Minha experiência

Desabafo de uma ex-tripulante!

Passaram-se anos desde que realizei esta minha aventura, insanidade ou busca. Não sei mais qual denominação eu posso adotar para este meu ato. Mas, entre elas, uma certeza: eu consegui superar estes longos meses sozinha, com pessoas que nunca imaginei conhecer, em lugares que eu nunca pensei estar.

Eu confesso que, no começo, pensei um milhão de vezes em desisitir. As milhares de vezes que eu posso demonstrar neste artigo, nao serão as mesmas e nem com a mesma intensidade. Foram muitas e extremamente impactantes. Vontade de sumir, de ver meu mundo desabar, de abandonar um sonho sem ao menos saber o que se passaria mais a fundo. Mas, pensei melhor e não desisti – entrei mais a fundo para explorar este novo universo…

Ao entrar, descobri litaralmente um novo mundo. Pessoas com sonhos diferentes, realidades contrastantes e, entre todas as diferenças, um ponto em comum: objetivo. Cada uma com um tipo e com teor diferente. Desde comprar a “paz e o equilíbrio” em suas respectivas casas para viver confortável com a família, até o alcance de estudos, mestrado, ou qualque outro bem material que a ganância e o luxo queiram comprar.

O mais alto nível de pessoas frias e sem coração vivem  aqui. São pessoas que têm a habilidade e alta capacidade de separar ( ou pelo menos fingem muito bem) a emoção do profissional. É como se não tivessem sentimento. Não há envolvimento de nenhuma espécie. A busca é o contínuo trabalho para atingir o dinheiro e por consequência: realizar os sonhos.

Mas calma, neste ponto, há também um grande aprendizado por trás. Aqui a psicologia, inteligência emocional e equilíbirio falam super alto. Afinal de contas:  lidar e aprender a driplar com as dificuldade por aqui, nos torna fortes e grandiosos e, por fim, compreendemos o que o sábio dizia na expressão sobre “amadurecer com dificuldade e não somente com alegria”…

Neste lugar aprendi que não é possivel repudiar alguém, apenas por esta pessoa ter um objetivo que destoa da sua realidade ou por ela tratar os demais como um ditador impaciente. Pessoas de países diferentes receberam valores distintos e podem sim, ser muito mais rudes, ásperas e até, para o nosso ponto de vista, desrespeitosas. Aqui o respeito existe, é claro, porém, há uma parte relativa.Em alto mar as regras são outras, a legislação é “o jogo de interesses”, no bom sentido. Embora tenhamos a possibilidade de reportar uma pessoa por uma ausência de conduta, é mais facil você conservar os seu princípios, lidar com as diversidades,  a tentar mudar o do outro pelo atrito com sua cultura.

Se você realmente não gostar do que fizeram a você, ( claro, depende da gravidade) é melhor engolir e seguir em frente. A vida aqui é passageira, mas seus valores, assim que voltar, serão sempre seus, e, o seu objetivo, precisará estar acima de tudo.

 

A força. Realmente esta escolha é uma entrada para raros. Por isso que enfatizo tanto o OBJETIVO COMO PONTO INICIAL. Cansei de ver pessoas desistindo da vida daqui. É incontável o número de pessoas querendo sair quando deparam-se com este choque de realidade. Aqui, os sentimentos afloram mais do que se possa imaginar.

Para ilustrar melhor, façamos uma pequena comparação: em um intercâmbio normal, por mais homesick (saudade de casa) que você esteja, pelo menos, você tem a possibilidade de voltar para sua casa gringa “em terra”, e sabe que o dia seguinte será diferente. Aqui, embora cada dia estejamos em um lugar diferente, também sabemos que estamos totalmente enjaulados e também somos dependentes disso. Há pessoas que contam histórias de vida em navio que, quando retornaram para casa, não se adaptaram mais. Alguns acostumam-se com a vida “religiosa e ditadorial” que o barco traz, e, desde então, veem trabalhando há vinte anos no ramo.

Dia a dia vemos que quem escolhe este tipo de vida, são pessoas que têm um objetivo, fixo, estabelecido e praticamente imutável. Por um outro lado, e, em uma linha muito tênue, é facil se perder neste objetivo. Há muitos homens casados com filhos, e quando vem para cá, eles têm literalmente uma relação séria fora de casa. Isso é uma realidade normal aqui. As pessoas são mais carentes e têm os sentimentos mais vulneráveis. É como uma forma de sobrevivência para viver longe da solidão….

 

 

Mas calma….Até agora só contei a parte tensa da vida a bordo. Mas, digamos que há uma porcentagem GRANDE de alegria, aprendizado CONHECIMENTO GEOGRÁFICO QUE VALE MUITO MAIS QUE VÁRIAS AULAS DE HISTÓRIA e MUITA diversão. Não há somente coisas tenebrosas. As coisas boas para mim valeram MUITO A PENA. Veja um pouco do que aprendi e vivi:

Conheci pessoas maravilhosas de todas as culturas, visitei lugarei incríveis, chorei muito, lidei com meus medos, aprendi a ser mais forte, contei mais comigo, abracei amigos lá, como se fossem as únicas pessoas do mundo, chorei como criança muitas vezes, levei advertência por ter fumado um cigarro onde não deveria…

Dancei no bar, fizemos overnight em Dubai na balada, saímos a noite e voltamos no dia seguinte, fui ao Egito, andei de camelo, fui ao parque aquático em Dubai, aprendi demasiadamente sobre Geografia na melhor forma: visitando e lendo sobre cada lugar, país, e observando o tipo de vida das pessoas….Comprei roupas, presentes, gastei e ganhei muito dinheiro, aperfeiçoei o meu inglês SORRI E ME DIVERTI DEMAIS.

E se soubesse de todas as dificuldades desde o começo… eu teria feito exatamente igual.

A regra é:

Sonho = Sacrifício = Dificuldade = Satisfação = Recompensa = Aprendizado = Felicidade = No fim nada mais é que:

“NO PAIN NO GAIN”

Está disposto? Pois eu estou disposta a ajudá-los!

Saudações!